Trabalho de restauração na Faculdade de Direito da USP envolve apoio de ex-alunos e pretende modernizar estruturas para as gerações atuais e futuras de estudantes, preservando o patrimônio histórico e cultural
Que tipo de alterações uma sala de aula com décadas de existência precisa para receber os alunos de hoje? E como realizar as obras sem alterar suas características históricas e culturais mais marcantes? Esse é o caso do prédio da Faculdade de Direito (FD) da USP, no Largo São Francisco, patrimônio histórico da cidade de São Paulo que vai completar cem anos em 2030. Esse centro importante para a história do ensino jurídico brasileiro e para a memória e identidade de São Paulo está passando por obras para adequar suas salas às estruturas necessárias ao ensino no século 21. Os trabalhos também incluem os espaços que precisam de manutenção e restauração.
O edifício da SanFran, como é chamado pelos estudantes, é tombado como patrimônio histórico e cultural pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo (Conpresp) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. Por isso, as técnicas para as melhorias em tecnologia e conforto estão de acordo com as diretrizes dos órgãos de preservação.
A restauração segue um Plano Diretor de Preservação, desenvolvido em 2020 pelos arquitetos e urbanistas Marcio Coelho e Ana Marta Ditolvo e aprovado com a supervisão do Conpresp, em nível municipal, e do Condephaat, em nível estadual. “É um instrumento para entender o edifício na sua totalidade, seu tombamento e como ele deve ser preservado, além de definir diretrizes e prioridades de preservação”, explica Marcio.
“Muitas cadeiras estavam danificadas e não havia tomadas para carregar os computadores”, conta Celso Campilongo, diretor da FD, sobre o estado anterior às obras das salas de aula. “E a faculdade tem seu patrimônio preservado, o único lugar de todo o Brasil onde se ensina o Direito desde 1827.”
A modernização e manutenção cobrem mesas, cadeiras, pisos, lambris, pintura, iluminação, forro, ar-condicionado, tratamento acústico e parte elétrica, de áudio e vídeo, com instalação de projetores. Elementos arquitetônicos e o mobiliário, como vitrais, lustres e quadros, também estão sendo restaurados em outros braços da iniciativa. Das ações prioritárias, em primeiro lugar está a reforma da cobertura, já em andamento, para lidar com problemas de infiltração, além de outras questões que representam risco à saúde da comunidade que frequenta o prédio.
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